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  • Abr

    19

    2017

Aprendendo com os grandes

Observar o que as empresas de maior porte fazem é uma boa estratégia para os pequenos negócios se desenvolverem. A chave é analisar o que dá resultado e adaptar para a realidade do empreendimento

Nessa semana, estava conversando com um empreendedor na faixa de 35 anos sobre algumas mudanças que eu acreditava que ele deveria fazer em seu negócio. Após expor minhas ideias, ele me disse: “Sempre fiz como faço hoje e sempre deu certo!”.
Confesso que, ao longo de minha carreira como consultor e também investidor, já ouvi essa frase, com roupagens diferentes, inúmeras vezes. Mas nunca de um empreendedor nessa faixa de idade. Claro que não deixei de falar o que falo há anos para todos os empreendedores que me disseram isso: “Esse é o primeiro sinal, e talvez o mais sutil deles, de que a sua decadência está por vir”.
Não digo isso baseado em teorias, e menos ainda na minha frase predileta de Peter Drucker – ele defende que “mais arriscado que mudar é continuar fazendo da mesma forma”. Digo isso por causa das centenas de casos que presenciei de empreendedores que ficaram excessivamente apegados ao sucesso que obtiveram, à marca que criaram e às soluções extremamente criativas (para aquele momento) que deram para problemas que pareciam insolúveis. É como dizem os prospectos de qualquer gestora de investimentos: “Resultados e desempenhos passados não garantem o desempenho futuro”.

É um raciocínio óbvio. Nada do que fizemos no passado de nossos negócios, e que deu certo, garante que continuarão dando no futuro. E por quê? A resposta carrega mudanças que nem sempre quem está submerso na operação e ofuscado pelo sucesso consegue enxergar. Muitas coisas se transformam durante a trajetória de uma empresa: o perfil do consumidor, a tecnologia, o perfil e os anseios do colaborador, a comunicação e propaganda, a responsabilidade social e a sustentabilidade, entre outros.

Esse conjunto de mudanças, agregadas aos novos concorrentes – que já começam seus negócios entendendo os “buracos’ deixados por você e sabendo suas fraquezas e erros atuais – impõe a necessidade de repensar ou até pivotar o seu negócio, mesmo que essa mudança possa parecer radical e arriscada demais.

Por causa da conversa com o empreendedor acima, lembrei de diversas histórias de empreendedores que decaíram quando estavam no auge de seus negócios. Com base nas lições aprendidas com esses casos, elaborei uma lista com aqueles que, na minha opinião, são os sete pecados capitais dos empreendedores.

1. Acreditar que uma fórmula de sucesso dará sempre bons resultados.

2. Menosprezar os concorrentes, independentemente do tamanho deles. Novos concorrentes são pequenos, da mesma forma que você foi um dia, mas já nascem sabendo o que você faz de errado e enxergando oportunidades que você não está vendo. Em vez de menosprezar a competição, estude-a e veja o que pode aprender com os mais jovens. Essa análise pode dar importantes informações sobre as mudanças que estão por vir.

3. Afundar a cabeça na operação. É fundamental não se fechar na operação e esquecer do mundo. Mas também não é recomendável se descuidar dela. Sim, pode parecer paradoxal, e trata-se de um dos maiores desafios do empreendedor. Não abandonar o dia a dia, o gerador de receita, as pessoas, os processos. E ao mesmo tempo não permitir que essa tarefa o impeça de pensar em inovação, em estratégias, em mudanças. Como fazer isso? Aprenda a dividir e a delegar.

4. Achar que sabe tudo. Empreendedores se acostumam, durante um determinado período da vida de suas empresas, a ter de saber um pouco de tudo. Conforme o negócio cresce e fica mais complexo, demandará competências que você não domina. Tenha humildade para buscá-las fora de você e recolocar-se nesse “novo negócio”, usando as suas melhores habilidades. E, caso essas habilidades não servirem mais, tenha a humildade de se demitir e buscar o novo, para o bem do seu negócio.

5. Ser teimoso. Muitos empreendedores confundem “ser obstinado” com “ser teimoso”. São duas características muito próximas, mas com respostas que podem ir do céu ao inferno. Ser obstinado pode garantir a resiliência que você precisa para tocar o negócio. Mas é preciso também ser humilde para buscar críticos, pessoas que apontem as falhas no seu modelo de negócio – e em você.

6. Investir em ativos, achando que vão dar segurança a empresa. Já foi o tempo em que sede própria era sinônimo de segurança. Eu já vi empresas de comunicação investindo em parques gráficos e não em comunicadores, esquecendo que o seu negócio não era imprimir jornal. Em um mundo onde a velocidade é um dos fatores decisivos para o sucesso, sua empresa deve ser leve para poder ser rápida.

7. Misturar o seu negócio com a sua vida particular. Já vi centenas de empreendedores sugando o caixa da empresa para sustentar o seu padrão de vida. Isso não é justo com a empresa que você criou, com seus colaboradores e com as pessoas que “pularam” com você para dentro desse sonho. Diminuir seu padrão de vida não é demérito. Muitas vezes, é fundamental para a sobrevivência e sucesso futuro do seu negócio.

Fonte: Carlos Miranda - PEGN